domingo, outubro 14, 2012

E se entratanto eu falecer (não que eu esteja a contar com isso)

Quero que se faça os possíveis para doar o meu corpo à ciência, a uma faculdade de medicina, um centro qualquer de investigação. Não me importa particularmente o tipo de investigação/ensino, mas sempre fui fã do conceito de reutilização, e este parece-me uma boa extensão da ideia.

Gostava que houvesse uma cerimónia à americana, com comida e amigos que se juntam e onde se contam histórias (sobre mim ou não), mas onde as pessoas podem conversar à vontade e se podem rir e dão abraços que não são só os dos pêsames constrangidos.

O meu ego gosta da ideia de um elogio fúnebre, mas consigo arranjar uma desculpa melhor se disser que era bom que a minha família percebesse que fez um bom trabalho comigo e por isso um elogio fúnebre pode contribuir para esse fim.

Se eu tiver dinheiro no banco que chegue para pagar a minha "festa de despedida" e ainda sobrar alguma coisa, queria muito que ele servisse para umas férias fixes para os meus pais, e/ou uns mimos completamente superfluos para a minha família.

Não gosto da ideia de coisas minhas ficarem guardadas em caixas que acumulam pó. sobretudo se tiverem sido coisas que eu fiz, por isso, ficava mesmo feliz se essas coisas fossem alegremente distribuídas pelas pessoas que eu conheci e que gostavam de mim de alguma forma.

Se for do agrado deles e ainda sobrar alguma coisa (já duvido mesmo muito, mas ainda assim) gostava que se oferecessem a outras pessoas que precisem.

Eu sou o que sou, o que digo, o que faço e o que dou; não o que tenho, por isso, não acho que faça grande sentido coisas minhas ficarem sem utilidade, se puderem servir outras pessoas.

E é isso, acho que fui clara.

1 comentário:

MJ disse...

se eu for viva, e espero mesmo que não, obrigo toda a gente a ir à festa americana e sobretudo a dar-me abraços.

hoje dei a noticia da morte de uma pessoa. a esposa contou-nos que tinha sido muito feliz nesse casamento. este era o pior momento da sua vida.
hoje estive no pior dia da vida daquela pessoa.