sábado, agosto 22, 2009

Freedom is just another word for nothing left to loose

Sentada nas escadas da estação de autocarros, ouvia a Janis cantar “Bobby McGee” nos altifalantes.

E de repente aconteceu.

Foi inesperado. Tinha conseguido evitar a questão durante mais de um ano. Tinha conseguido gritar e espernear sobre o problema a toda a gente, e ao mesmo tempo evitar olhá-lo nos olhos. Como uma espécie de catarse. Como se ao falar dele evitasse sentir.

Toda, mas toda a gente soube do problema. Mesmo as pessoas que não estavam minimamente interessadas.

E ela sem o olhar nos olhos.

Na estação dos autocarros, enquanto esperava para embarcar rumo a Madrid, depois de uns quantos avisos que o problema não se ia embora e ou o enfrentava a bem ou ia ter de o enfrentar a mal e despreparada, decidiu enfrentá-lo.

E enfrentou-o, sem mais demoras.

E bloqueou.

Congelou.

Teve de sair da sala de espera, onde estavam os outros passageiros, como se a atrapalhasse qualquer distracção. Durante um bom tempo ficou a curtir aquela dor aguda no peito. Como uma facada. Uma dor quase palpável e muito física. Tinha de ser.

Sentiu o coração apertar além dos limites do aceitável e contraiu-se, cerrando os olhos com força. Não chorou porque não era a dor “morrinha desesperante”. Era um crivo. Percebeu na primeira pessoa a expressão popular “ foi uma facada no peito” e respirou fundo, num suspiro. O tempo da dor pareceu-lhe indefinido

Disse aos outros passageiros e funcionários que a viram e se preocuparam que estava só com uma enxaqueca e que dali a nada já passava, só precisava de estar um bocadinho sozinha e em silêncio. E deixou-se estar ali, a enfrentá-lo.

“Merda. Custa ser deixada.”

(to be continued – e aproveitando para matar saudades do two faces…)

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