A X. é uma das marcas indeléveis de toda a minha vida. É amiga da minha mãe desde que eu me lembro e trabalharam sempre no mesmo hospital. Apesar de não sermos próximas, a X. sempre foi uma daquelas pessoas que ficam sempre genuinamente contentes por nos encontrarem, sempre sorridentes e animadoras. Tem dois filhos sensivelmente da minha idade e costumava brincar comigo quando eu visitava a minha mãe na Urgência e estavam ambas de serviço.
A X. tem 49 anos. Há cerca de um mês, a X. entrou subitamente em coma.
Estas coisas apanham-nos sempre de surpresa. De repente lembramo-nos que não somos invulneráveis, que a vida não é uma garantia eterna e absoluta, que mesmo as pessoas que convivem connosco e que fazem parte do nosso mundo nos podem deixar a qualquer momento…
A minha mãe diz que a X. não vê, mas que de certeza que ouve, porque reage às palavras dos amigos. A X. também reage à dor… Não sabemos se ela tem tacto, se tem cheiro se… se…
A X. é uma mulher de armas, de força, enérgica, mas neste momento está presa num mundo de sons e dor, um mundo quase(?) unilateral.
É assustador do que saber que a X. tem dos piores prognósticos possíveis e que por isso o mais provável é que nos deixe, mas verdadeiramente aterrador é sabê-la a ela, tão dinâmica e mexida, prisioneira do seu próprio corpo, amordaçada, vendada e amarrada por cordas, vendas e mordaças invisíveis e indestrutíveis…
Há um pensamento que me persegue quando reflicto sobre a X.:
Onde raio estão os milagres quando tanto precisamos deles?! Hã?!
A X. tem 49 anos. Há cerca de um mês, a X. entrou subitamente em coma.
Estas coisas apanham-nos sempre de surpresa. De repente lembramo-nos que não somos invulneráveis, que a vida não é uma garantia eterna e absoluta, que mesmo as pessoas que convivem connosco e que fazem parte do nosso mundo nos podem deixar a qualquer momento…
A minha mãe diz que a X. não vê, mas que de certeza que ouve, porque reage às palavras dos amigos. A X. também reage à dor… Não sabemos se ela tem tacto, se tem cheiro se… se…
A X. é uma mulher de armas, de força, enérgica, mas neste momento está presa num mundo de sons e dor, um mundo quase(?) unilateral.
É assustador do que saber que a X. tem dos piores prognósticos possíveis e que por isso o mais provável é que nos deixe, mas verdadeiramente aterrador é sabê-la a ela, tão dinâmica e mexida, prisioneira do seu próprio corpo, amordaçada, vendada e amarrada por cordas, vendas e mordaças invisíveis e indestrutíveis…
Há um pensamento que me persegue quando reflicto sobre a X.:
Onde raio estão os milagres quando tanto precisamos deles?! Hã?!
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