Perante uma coisa qualquer que os aflige, a primeira tentação que temos é negar.
Que não é importante, que se calhar não é bem assim, que não devemos ter compreendido bem, de certeza!
A negação é, em certas circunstâncias, uma coisa boa, até. Permite-nos viver um pouco mais o momento que está a acabar e prepara-nos para o pior, porque, no fundo, sabemos que nos estamos a enganar a nós mesmos.
O problema da negação, como de qualquer outra coisa, é quando esta passa os limites do razoável.
Quando no meio do bombardeio o nobre inglês continua calmamente a tomar chá na sua sala e quando os alemães lhe invadem o palácio ele lhes pergunta o que estão ali a fazer, se não sabem estar em propriedade privada...
A negação exacerbada é para algumas pessoas uma forma de estar na vida: as coisas vão melhorar, é tudo apenas uma fase, eu não vou ser despedida... etc.
O problema da negação é que ela nos manieta. Impede-nos de tomar medidas para que o castelo não rua, nos descansa além do ponto em que compreendemos que o melhor é começarmos a mandar currículos, ou pelo menos a ser menos esquisitos quando nos pedem para fazer horas extra.
E a negação continuada agrava os problemas que temos, porque os prolonga ao impedir-nos de tomar medidas para a sua resolução - para quê? Não há problema nenhum!
Mas problema maior da negação, contudo, é o facto inegável de ser uma solução simples e confortável para os problemas que temos. Se os negamos, eles não existem, quem sabe até não desaparecem?!... A questão é se não desaparecem por se dissolverem, como o fulano que tinha um problema na canalização que ficou resolvido quando um furacão lhe levou a casa...
2 comentários:
so true.. love you!! *
O problema da negação é que ela é só a primeira fase do luto.
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