domingo, outubro 16, 2011

um brilhozinho nos olhos

Tratam o dia dos primos como se sempre tivesse existido. Como se fosse uma tradição tão antiga como eles, apesar de na verdade só termos tido um dia dos primos antes deste.

Dizem-nos coisas como "estou sempre ansiosa que chegue o dia dos primos" e "o dia dos primos nunca mais chega" e "o próximo dia dos primos podia ser amanhã".

Tratam-no com a pompa de um grande evento. Juntam-se e abdicam das festinhas de aniversário com os amigos para virem com as primas grandes e os primos pequenos e os primos mais ou menos.

Contam os dias que faltam até ao grande evento.

E ficam tão excitados de verem todos os primos de brincarem com toda a gente e de conversarem e contarem as suas coisas, como se se tratasse de prendas grandes no dia de natal.

E nós, tontas, ficamos derretidas com a receção calorosa dos miudos que vêm até à varanda ansiosos que cheguemos para nos acenar, que estiveram a contar quantos primos somos, que sabem as músicas de cada primo de cor, que tratam cada bocadinho do dia como se fosse a melhor coisa do mundo.

E no fim têm ideias para o próximo e dizem que "o ano devia ter mil dias dos primos", como se fosse intolerável haver apenas um por ano.

E se calhar até têm razão.

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