domingo, junho 13, 2010

Zen Pessoano

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

Sem o saber, Fernando Pessoa era um mestre do zen.

4 comentários:

Lia Silva disse...

Adoro este poema.. Alias, adoro Pessoa..

Lia Silva disse...

Já agora, tens um joguinho à tua espera no meu blog..

Lia Silva disse...

Já agora, tens um joguinho à tua espera no meu blog..

R. disse...

Do zen e do hedonismo :) Beijinho.