quinta-feira, maio 20, 2010

O ancião mais doce


Respirou fundo depois do meu chorrilho e disse numa voz doce, quente e pausada, num ritmo contido e reflectido, depois de um suspiro:
-Ao contrário do que te tenho vindo a dizer, acho que está na hora de o esqueceres.
E a sua forma comedida e derrotada de me dizer algo que eu já sabia teve em mim o efeito de um bálsamo, como se de repente visse legitimada e autorizada a decisão de desistir de algo – o que por princípio me faz uma certa urticária.
- Acho que está na hora de o esqueceres.
E tens razão, está na altura.

Sem comentários: