Chego a casa e os cães ficam histéricos.
Os meus pais estão há 2 dias fora e os bichos parecem ter perdido o norte de todo, estão completamente desamparados.
À rebelia daquilo que me deixam fazer quando estão cá os meus pais, deixo-os entrar na cozinha e posiciono as cadeiras onde se costumam deitar frente à lareira.
O Spike não consegue ficar sentado e o Scot fica a ganir enquanto olha para mim com olhos grandes.
Ponho novamente as cadeiras onde se sentam disponíveis, mas desta vez ao meu lado, uma de cada lado para não se pegarem à porrada como é costume.
Demoram a sossegar e só querem mimos e atenção. Ganem, coisa que é raríssimo acontecer. Parecem estar a queixar-se da sua dor e a pedir colo ao mesmo tempo.
Finalmente acalmam e começam a dormir nas cadeiras fofas. Mas mesmo no seu sono ganem ligeiramente e quando lhes toco para uma festinha emitem uma espécie de som algures entre o ganir e o falar como se estivessem a contar-me o que lhes vai na alma. Que perdem a noção do tempo sem os donos cá. Que não lhes apetece ladrar às pessoas que passam ao portão. Que os dias custam muito a passar sem as pessoas deles (sim, porque nós somos tanto dos nossos cães como so nossos cães de nós!).
E que morrem de saudades e desgosto com a casa assim vazia.
Faço mais umas festinhas e digo-lhes como se eles pudessem perceber que os donos estão quase quase a chegar. E eles dormem e ressonam como se tivessem compreendido e quisessem acelerar o tempo.
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