quarta-feira, julho 08, 2009

Já não o amo

No msn temos sempre a mesma conversa de chacha. O tempo, "como é que vai isso? Bem, obrigado e contigo?", etc.

O ritmo da conversa é errático e ambas fazemos outras coisas enquanto falamos de nada. Até ao momento em que pergunto como está a situação com o Bruno.


E de repente, o tu-ru-ru de nova mensagem de msn começa initerrupta e consistentemente a tocar.


O Bruno com quem já não namora, de quem queria ter ficado amiga mas que ele sistematicamente afasta com sms's vagas e mails retóricos, que não foi aos anos dela, que nunca mais teve tempo para um café, o sacana. Sim, ela já não o ama, já não precisa dele. E pensar que lhe deu tanto. E agora aquele ingrato nem para dois dedos de conversa. Nem para um serão. Encontra-se com ela, mas nunca está sozinho, e tem sempre para onde ir. Uma tristeza, uma pena que se quebrem assim as ligações. Uma desilusão tudo isto. Mas ela respeita a decisão dele. São escolhas, não é? Para ela é bastante indiferente. O que lhe custa é perder-se uma amizade assim tão boa. Mas enfim há que respeitar. Agora a vida continua, mas coisas são diferentes. E no fundo percebe que se ele quer o silêncio dela, ela dá-lhe o silêncio dela. Pelo menos quase sempre. Vá, com regularidade...

Quando dou por ela passou meia hora desde que o msn começou a apitar "tu-ru-ru!" ininterruptamente.

Imbuída da minha nova identidade de "psicóloga clínica de vez em quando", digo-lhe da maneira mais simples e desdramatizada possível que para alguém que não dá importância a outra pessoa, basta falar do nome dele que lá desata numa descrição épica e emotiva de tudo quanto seja relacionado com o Bruno e que já se passou mais de uma ano desde que acabaram.

Nega tudo, que disparate o meu. Ela não fala muito sobre ele, eu é que perguntei.

Nega mesmo quando a confronto com o histórico de msn. Diz que se lhe falasse de outro assunto qualquer da sua vida faria exactamente o mesmo e porque raio é que eu não percebo o que ela me quer dizer. Ela não o ama. Sente falta dele. São coisas diferentes. O facto de não ter querido desde então outra pessoa não significa absolutamente nada.



Inocentemente, e porque a situação já se arrasta há vários meses, tento salientar a emocionalidade da resposta ao assunto B. de todas as vezes, tenho argumentar que é o único assunto que a faz mover-se, que a emociona e agita. Que desde que acabaram ainda não parou de tentar contactar o B, que precisa de seguir com a vida dela.



Às vezes sou mesmo tosca.



Apesar do seu mantra após a confrontar ("mas eu já não o amo, a sério, eu já não o amo") ainda vai passar muito tempo até que ela sequer esteja capaz de pensar tranquilamente sobre ele, quanto mais falar de outras coisas ou até deixá-lo partir e falar sobre ele com distanciamento...

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